quarta-feira, 29 de julho de 2009
Carros, trens e fretados. E outras histórias
Joana, 32 anos, administradora de empresa sai todo dia da Vila Floresta, em Santo André, rumo à avenida Angélica, bairro de Santa Cecília em São Paulo. Recebe pouco mais de 6.000 reais por mês e paga quase 300 reais com ônibus fretado. O grandalhão a pega na esquina de casa e o deixa na esquina da avenida onde trabalha. Nesse interim já fez de tudo dentro do RapidTur, que mais parece um pinga-pinga daqueles que atravessam o Brasil: "até parabéns com bolinho o pessoal cantou pra mim esses dias", orgulha-se. "Mas agora com essa proibição, vou gastar mais ainda com transporte, perder tempo e até amigos", diz a ex-kassabista.
Lorena, 43 anos, é autônoma, trabalha na própria casa na rua Santo Antonio do Pinhal, paralela a avenida Paulista. Sua vida e a de suas filhas depende da rotina econômica da sua lojinha nos fundos da casa, para tanto os consumidores ávidos pelo seu artesanato precisa ao menos ver a fachada de sua loja, que ora pela fumaça dos ônibus, ora pela parada quase obrigatória dos fretados acaba desaparecendo. É constante os dias em que Lorena ao buscar suas filhas, demora mais de 15 minutos parada na própria rua esperando uma brecha para entrar em sua garagem.
Essa semana Joana não suportou tamanho desaforo e junto com mais 300 companheiros de classe média fecharam a avenida que dá acesso ao Metrô Santos-Imigrantes. "Queremos trabalhar, queremos trabalhar! ", esbravejavam. Lorena por outro lado era só sorrisos, enfim as pessoas estavam vendo sua loja e até o "Kassab, em que eu não votei, está demostrando ser um bom cara", disse com um sorriso amarelo.
Antônio mora em Francisco Morato, acorda as 4:30 hs pega um ônibus-trem-metrô-ônibus para chegar na vila Clementino onde trabalha com frete, que é diferente de fretado. O seu dia tem 19 horas, por que 5 passa fazendo essa verdadeira peregrinação. Arrimo de família, o seu ganha pão apertado é de 750 reais. O salário médio do brasileiro. Quando perguntado sobre o que achava da restrição à circulação dos fretados em alguns locais, Antônio disse - como sempre sorrindo: "fretado? meu negócio é frete". Depois, brincalhão como sempre apontou o Lance que estava lendo dentro do trem abarrotado da linha 7 e disse: "Obina, brilha muito no Palmeiras".
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Ehhh pelegagem, viu... Aliás, quem foi que colocou esse acento no "ia"???
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