terça-feira, 28 de abril de 2009

Gente do nosso cotidiano - Seu Zé

Algumas pessoas passam na nossa vida e acabam fazendo parte do nosso cotidiano de uma forma diferente, mesmo não sendo aquele melhor amigo ou companheiro de trabalho.

É gente como o Seu Zé, um vizinho meu. Normalmente, vizinhos são próximos de nós ou são daqueles que nunca vemos. Mas o Seu Zé é diferente. Ele faz mas não faz parte da minha vida.

A rua em que eu moro hoje é a mesma que meu pai nasceu e cresceu, e desde sempre o Seu Zé tava por aqui. Meu pai diz que o nome é Malaquias, mas não há quem o chame por esse nome. Quem sou eu pra discordar?

O engraçado do Seu Zé é que desde que o reconheço, eu nunca o vi trabalhar (ele já trabalhou, hoje é aposentado). Assim, ele passa o dia todo na sua janela que é defronte a minha porém do outro lado da rua, com os cotovelos apoiados (haja dor de cotovelo) e fumando (e como fuma!). As sete da manhã ele já tá lá, chegas as dez da noite ele persiste.

O que será que esse homem - que eu só dou um Oi seu zé! - já fez da vida? O quanto ele suou para cuidar dos filhos e hoje merecidamente fuma tranquilo o seu Derby. Ele vê absolutamente tudo que passa na rua, e consequentemente, na minha vida, e daí? Para ele isso nada significa. Será mesmo?

Já me peguei várias olhando para aquele senhor negro da casa em frente e vendo suas reações. Ele é sempre igual, estático, parece que a vida passa e ele a contempla sem perplexidades. Mas a verdade é que quando ele não está naquela janela que vejo agora, eu sinto sua falta, e como vários outros sentimentos não sei explicar o porquê.

De quantos seu´s Zé é feita a vida dagente?

7 comentários:

  1. a janela que separa dos dois, ja dizia o Dudu.
    O que ele vê no lado de fora que tanto o entretem para não ficar recluso no lado de dentro? O que do lado de dentro ele vê que tanto o amedronta para ele não viver no lado de fora?

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  2. ja percebeu o quanto é dificil quebrar a rotina?

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Sim, sim, compartilho do seu sentimento. Tem pessoas que são parte do cenário. Como um enfeite na sua casa com o qual você se acostuma e passa até a gostar um pouquinho. Um dia arrumam a casa e tiram o enfeite. Dá uma sensação de vazio... Falta alguma coisa, mas você não sabe bem o que. Tem muitas pessoas que são de enfeite, olhe em volta no seu local de trabalho, rua, sala de aula... Mas a questão é: Pra quantas pessoas você não passa de enfeite?

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  5. em quantas aulas os professores nao se tornam enfeites quando brincam de seminário?!

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  6. Respondendo seu comentario no meu blog.
    Obrigada por passar la =)
    Fiz um post sobre mendigos hoje, nao sei porque mas acho que a essencia tem a ver com seu texto.
    Acho que a inclusao social esta decaindo cada vez mais...
    Mas espero que melhore, aifinal eu sou brasileira e nao desisto nunca! hahaha

    Que comentario meio maluco o meu nao? Desculpe, é que eu acabei de tomar um café expresso e fico assim, 'alegrinha'.
    Beijos!

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  7. seu zé....grande cidadão!!!! muito legal teu texto!!!! t+

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